domingo, 6 de março de 2011

O Lobo e o Cão




 Encontraram-se na estrada
Um cão e um lobo. E este disse:
“Que sorte amaldiçoada!
Feliz seria, se um dia
Como te vejo me visse.
Andas gordo e bem tratado,
Vendes saúde e alegria:
Ando triste e arrepiado,
Sem ter onde cair morto!
Gozas de todo o conforto,
E estás cada vez mais moço;
E eu, para matar a fome,
Nem acho às vezes um osso!
Esta vida me consome...
Dize-me tu, companheiro:
Onde achas tanto dinheiro?”
Disse-lhe o cão:

“Lobo amigo!

Serás feliz, se quiseres
Deixar tudo e vir comigo;
Vives assim porque queres...
Terás comida à vontade,
Terás afeto e carinho,
Mimos e felicidade,
Na boa casa em que vivo!”
Foram-se os dois. em caminho,
Disse o lobo, interessado:
“Que é isto? Por que motivo
Tens o pescoço esfolado”
— “É que, às vezes, amarrado
Me deixam durante o dia...”
“Amarrado? Adeus amigo!
(Disse o lobo) Não te sigo!
Muito bem me parecia
Que era demais a riqueza...
Adeus! inveja não sinto:
Quero viver como vivo!
Deixa-me, com a pobreza!
— Antes livre, mas faminto,
Do que gordo, mas cativo!”

Fábula de Esopo adaptada
por
Olavo Bilac

sábado, 5 de março de 2011

Sabedoria oriental



Um ocidental em visita à China ficou surpreso de ver a quantidade de velhos saudáveis, e, curioso sobre os aspectos da milenar medicina chinesa, indagou de um experiente médico qual o segredo para se viver mais e melhor.

Ouviu do mesmo a sábia resposta:

"- É muito simples. É só:
Comer a metade.
Andar o dobro.
E rir o triplo."

Parece simples, mas é verdade!!!
São as pequenas coisas que fazem a diferença!!!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Parábola do Bom Samaritano


1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é refletir sobre as dificuldades que as convenções sociais impõem à prática da caridade.

2. CONCEITO

Parábola - do gr. parabole significa narrativa curta, não raro identificada com o apólogo e a fábula. Vizinha da alegoria, ou seja, consiste num discurso que faz entender outro.

Sinteticamente: narração alegórica na qual o conjunto dos elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior.

Samaritano - Depois do cisma das dez tribos, Samaria tornou-se a capital do reino dissidente de Israel. Destruída e reconstruídas por várias vezes, ela foi, sob os Romanos, a sede de Samaria, uma das quatro divisões da Palestina.
"Os Samaritanos estiveram, quase sempre, em guerra com os reis de Judá; uma aversão profunda, datando da separação, perpetuou-se entre os dois povos, que afastavam todas as relações recíprocas. Os Samaritanos, para tornar a cisão mais profunda e não ter que ir a Jerusalém na celebração das festas religiosas, construíram um templo particular, e adotaram certas reformas. Eles não admitiam senão o Pentateuco contendo a lei de Moisés, rejeitando todos os livros que lhe foram anexados depois. Seus livros sagrados eram escritos em caracteres hebreus da mais alta antigüidade. Aos olhos dos Judeus ortodoxos, eles eram heréticos, e, por isso mesmo, desprezados, anatematizados e perseguidos. O antagonismo das duas nações tinha, pois, por único princípio a divergência das opiniões religiosas, embora suas crenças tivessem a mesma origem; eram os Protestantes daquela época". (Kardec, 1984, p. 18)

3. O TEXTO BÍBLICO

"E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, o que é preciso que eu faça para possuir a vida eterna? Jesus lhes respondeu: Que está escrito na lei? Que ledes nela? Ele lhe respondeu: Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa alma, de todas as vossas forças e de todo o vosso espírito, e vosso próximo coma a vós mesmos. Jesus lhe disse: Respondeste muito bem; fazei isso e viverás.
Mas esse homem, querendo parecer que era justo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? E Jesus tomando a palavra, lhe disse:
Um homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu nas mãos de ladrões que o despojaram, cobriram-no de feridas e se foram, deixando-o semi-morto. Aconteceu, em seguida, que um sacerdote descia pelo mesmo caminho e tendo-o percebido passou do outro lado. Um levita, que veio também para o mesmo lugar, tendo-o considerado, passou ainda do outro lado. Mas um Samaritano que viajava, chegando ao lugar onde estava esse homem, e tendo-o visto, foi tocado de compaixão por ele. Aproximou-se, pois, dele, derramou óleo e vinho em sua feridas e as enfaixou; e tendo-o o colocado sobre sue cavalo, conduziu-o a uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas e as deus ao hospedeiro, dizendo: Tende bastante cuidado com este homem, e tudo o que despenderdes a mais, eu vos restituirei no meu regresso.
Qual desses três vos parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? O doutor lhe respondeu: Aquele que exerceu a misericórdia para com ele. Ide pois, lhe disse Jesus, e fazei o mesmo". (São Lucas, cap. 10, 25 a 37)

4. CAIRBAL SCHUTEL E O SAMARITANO

Cairbal Schutel, no livro Parábolas e Ensinos de Jesus, retrata a didática do discurso de Jesus em que o Mestre não perdia a oportunidade para enaltecer os pobres, os deserdados, os repudiados pelas seitas dominantes. Tanto nesta, como nas demais parábolas, o objetivo não muda, ou seja, aproveita-se de uma realidade material para evocar as realidades de cunho moral e espiritual. No caso específico desta parábola, Jesus escolhe o Samaritano, considerado desprezado e herético pelos judeus ortodoxos. O interessante, ainda, é que a referida parábola foi proposta a um Doutor da Lei, a um judeu da alta sociedade que, para tentar o Mestre, foi inquiri-lo sobre a vida eterna. O judeu doutor não ignorava os mandamentos, mas não os punha em prática. Do mesmo modo pode-se falar dos sacerdotes, que conheciam perfeitamente a Lei, mas não a punha também em prática. Por fim, diz que o viajante ferido pode ser comparada a Humanidade saqueada de seus bens espirituais e de sua liberdade, pelos poderosos do mundo. (1979, p. 74 a 77)

5. ALLAN KARDEC E O SAMARITANO

No quadro desta parábola é preciso separar a figura da alegoria. A homens que estavam ainda na infância da espiritualidade, Jesus precisou utilizar-se de imagens materiais, surpreendentes e capazes de impressionar. Mas ao lado dessa parte acessória e figurada do quadro, há uma idéia dominante: a da felicidade que espera o justo e da infelicidade reservada ao mau. Jesus não fala das convenções externas da religião; simplesmente quer exaltar a caridade, o único meio de salvação da alma. É por essa razão que Jesus coloca o Samaritano, considerado herético, acima do ortodoxo que falta com a caridade. (Kardec, 1984, cap. XV, item 2 e 3, p. 198 a 201)


6. CONCLUSÃO

Vemos, por esta simples parábola, a grande dificuldade de colocarmos em prática a verdadeira caridade. A maioria de nós ainda é católico, espírita ou protestante de fachada. Esquecemo-nos de que a salvação da alma não depende da religião que professamos, mas sim, e, unicamente, da caridade que prestarmos ao nosso próximo.

7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.
SCHUTEL, C. Parábolas e Ensinos de Jesus. 11. ed., São Paulo, O Clarim, 1979.
XAVIER, F. C. Lázaro Redivivo, pelo Espírito Irmão X. 6. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1978.
 
Sérgio Biagi Gregório